2008-04-30

Brasil: sociedade de bugreiros

lâmpada Voltou ao currículo escolar a disciplina Religião, só que desta vez com algumas diferenças: os pais podem exigir a substituição da disciplina por outra de oitocentas horas no ano e sacerdotes não podem ministrar a disciplina, apenas professores formados.

Carece ainda à disciplina uma ementa e diversas reuniões de professores, nacionais e regionais, estão ocorrendo para tentar defini-la.

A ideia é que o ensino religioso seja ministrado em caráter sociológico, não mais absolutista, mas os professores, ainda perdidos, estão ensinando às crianças orações e ritos cristãos, como foi feito até 1996.

Em minha humilde opinião, em ensino religioso deveria ser apresentada uma visão sócio-cultural das manifestações religiosas no Brasil: Catolicismo – principalmente a variação ibérica, cultos pentecostais, Umbanda, Candomblé e os cultos ameríndios.

Há até alguns euro-elitistas que querem que o Paganismo Britânico seja ensinado nas escolas, como se aqui fosse a Europa!

Nada contra o paganismo britânico ou quem o professe, mas não faz parte dos elementos culturais que formam o Brasil.

A intenção desse artigo é lembrar que indígenas também têm religião e que os elementos culturais ameríndios estão sutilmente inseridos em nossa cultura – sócio-culturalmente falando, pra que ficar procurando cultura alheia lá dos nórdicos ou da Ásia Meridional?

Aliás, alguém sabe realmente de onde vem a palavra brazil, usada para nomear o pau-brasil e daí nosso maravilhoso país?

Referência: Lei de Diretrizes e Bases.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-04-27

Kanamit?

Paradigma funcional O Érico Andrei e o Ricardo Bánffy fizeram uma pegadinha de 1º de abril muito interessante, chamada Kanamit.

Na brincadeira, é feita a suposição de um framework para aplicações web em Lisp.

Mas sabe que a ideia não é tão estúpida assim? Ela me deixou cheio de ideias malignas…

É claro, não é um framework, mas vamos bricar de usar Lisp em aplicações web em ambiente GNU/Linux!

Primeiro baixe e instale o LIGHTTPD fly light. Não vou entrar em detalhes de instalação.

Habilite o uso de CGI – ainda preciso ver como habilitar FastCGI – e configure cgi.assign em lighttpd.conf com as seguintes entradas mínimas:

cgi.assign = (
".el" => "/usr/bin/clisp",
".fas" => "/usr/bin/clisp",
".lisp" => "/usr/bin/clisp",
".ss" => "/usr/bin/guile"
)


Depois a gente brinca com Smalltalk.

Acrescente também index.lisp à variável index-file.names.

Tendo reiniciado o LIGHTTPD, podemos ir ao script index.lisp, que deve estar no diretório raiz do LIGHTTPD, configurado pela variável server.document-root.
; index.lisp

(defun floor-div (a b)
(multiple-value-bind
(resp)
(floor (/ a b))
resp))

(let (
(content-type "text/html")
(title "Teste de Lisp")
(date "")
(century ""))

(multiple-value-bind
(S M H d m y)
(get-decoded-time)
(setq date
(format nil "~2,'0d/~d/~4,'0d" d m y))
(setq century
(format nil "~@r" (+ (floor-div (- y 1) 100) 1))))

(format t "Content-type: ~A~%~%" content-type)
(format t "<html>~%")
(format t "<head>~%")
(format t "<title>~A</title>~%" title)
(format t "</head>~%")
(format t "<body>~%")
(format t "<h1 align=\"center\">~A</h1>~%" title)
(format t "<p>Ol&aacute; Mundo!</p>~%")
(format t "<p>Data: ~A</p>~%" date)
(format t "<p>S&eacute;culo: ~A</p>~%" century)
(format t "</body>~%")
(format t "</html>~%"))


Agora acesse http://localhost/index.lisp.

Ok! Ok! Até aqui é só CGI… mas vou dar uma olhada com mais calma em FastCGI e quem sabe desenvolver um rascunho de framework só por curtição. =)

É claro, preferiria fazer em Smalltalk, mas alguém já fez primeiro. Deem uma olhadinha na Superfície Reflexiva.

[]'s
Cacilhas

PS: Artigo publicado no Kodumaro.

2008-04-23

São Jorge

São Jorge
Gosto de comparar os personagens míticos com seus pares históricos.

Hoje tive a curiosidade de saber sobre São Jorge e descobri semelhanças interessantes entre ele e São Paulo Apóstolo.

Paulo era de família judaica, nascido na Turquia e cidadão romano; Jorge era de família palestina, nascido na Turquia e cidadão romano. Antes de assumir o nome Paulo, Saulo era oficial romano, perseguidor de nazarenos; Jorge era capitão do exército romano.

São Jorge foi condenado à morte e assassinado por converter soldados romanos ao culto dos nazarenos.

Agora vem a parte irónica…

São Jorge foi inicialmente um santo apócrifo, depois reconhecido pela Santa Sé. Por que isso é irónico, você me perguntaria… eu respondo: porque a Santa Sé nasceu do sincretismo do culto a Mitra – predominante na filosofia religiosa e nos ritos – com o culto a Ísis e nomes nazarenos.

São Jorge convertia soldados mitraicos – da religião que verdadeiramente cresceu e se tornou o Cristianismo – à Gnose – do grego Γνώση –, que é como os romanos chamavam pejorativamente os nazarenos, uma religião que serviu apenas de referência para o Cristianismo, mas morreu em seu alvorecer.

Simplesmente curioso.

Ah! Aliás, esqueça aquele São Jorge de armadura de paladino, pois no século III ele deveria usar uma armadura de centurião.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

Sou a favor da regulamentação

Oscar Niemeyer Pois é…

Está todo mundo criticando a regulamentação da profissão de informata. Bando de maria-vai-com-as-outras.

Ninguém nem pensa direito no significado da regulamentação, só repetem sofismas e manipulam informações para levar as outras pessoas a conclusões obviamente distorcidas.

Li o texto da proposta de lei todo e não vi nada de mais: a profissão passaria ou passará a ser tratada como qualquer outra.

Tudo bem! Concordo que não reflete com muita exatidão a realidade da profissão, mas já é melhor do que o nada onde vivemos.

As leis no Brasil infelizmente funcionam assim: tentativa e erro. Primeiro se faz uma lei meia-boca, depois outras leis e emendas são criadas para ir ajustando gradativamente a primeira até um ponto aceitável. Essa proposta de lei representa esse primeiro passo: uma lei meia-boca, mas que já é alguma coisa… um primeiro passo.

Consequências?

A primeira é que, quando você deixar sua máquina na manutenção, terá uma maior possibilidade de quem mexer nela ser um profissional de verdade em vez de um moleque experimentalista que já nasceu sabendo porque «nasceu na era da Informática». =P

Você cliente também terá maiores garantias de que os programadores que desenvolverem um sistema pra você tenham estudado para fazer o que fazem, e não «futucado».

Qualidade total? Nenhuma profissão pode garantir isso, nem mesmo a Engenharia que ergueu o prédio onde você mora ou a Medicina que cuida de seus filhos.

Agora, a melhor de todas as vantagens da regulamentação é uma que alguns políticos e a mídia golpista não querem que você informata saiba! O informata é uma das profissões não regulamentadas e querem que continue assim porque se os informatas fizerem greve, o país pára.

O BRASIL PÁRA.

Isso porque sistemas de informação não são realmente autónomos, precisam de gente para mantê-los funcionando e todos os processos importantes passam por sistemas de informações.

Então solicitações da classe precisariam ser atendidas rapidamente e pouco se poderia negociar contra elas.

Ninguém quer dar esse poder em nossas mãos.

Acho até estranho um senador tucano estar defendendo esse projeto… geralmente PSDB e PFL fazem de tudo a favor de interesses estrangeiros e contra o povo brasileiro. Por esse ponto de vista, é compreensível o pé atrás de algumas pessoas.

Ainda assim, independente de partidarismo, a regulamentação da profissão só tende a beneficiar os profissionais da área e nossos clientes.

No mais, peço desculpas pelas palavras duras que costumo usar. Não sou de meias palavras.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-04-22

Ateus me perdoem

Baal Não estou afim de discutir a existência de Deus, só a crença em sua inexistência.

Antes devemos assumir a inverdade de algumas alegações de senso comum…

Ceticismo não é materialismo: ceticismo é dúvida, materialismo é crença na inexistência da imaterialidade.

Ateísmo não é descrença.

Os ateus alegam não acreditar na existência de Deus, mas o fato é que ateus acreditam na inexistência de Deus. É uma crença como qualquer outra.

A crença em Deus é natural e intuitiva, faz parte de ser humano, nascemos com isso. Não há formas de provar a existência ou a inexistência de Deus, portanto na falta de fé é natural optar pela sensação natural – ou seja, que Deus existe.

Então, para alguém ser ateu, há duas explicações: ¹ou sofreu um trauma que o levou a negar sua intuição; ²ou tem uma crença extremamente forte na inexistência de Deus, fanática o suficiente para negar uma intuição visceral.

Onde quero chegar?

No seguinte: quando um ateu apresentar-se como um «crente no ateísmo», ele merece respeito, mas se se apresentar como descrente, livre de aprisionamentos mentais, ele é um fanático como qualquer outro e é assim que deve ser encarado.

E você, ateu, repense sua postura, pois você tem sua própria fé como qualquer pessoa.

Da mesma forma um materialista que se apresenta como cético está querendo mentir pra si mesmo e convencer você de uma inverdade: de que o materialismo é uma conclusão científica. Materialismo é uma crença e assim deve ser encarado.

Sei que a abordagem do assunto aqui foi um tanto superficial – e até meio perdida –, mas este assunto daria um livro e só quero levar as pessas a pensar um pouco sobre. =/

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-04-19

Mi estas reveninta!

Baal Pois é, Silvio, depois de cinquenta e três dias sem conexão devido a desentendimentos entre meu provedor e seu fornecedor de equipamentos (seu = do provedor), estou de volta à WWW para continuar postando e até responder alguns memes. =)

Quanto à pergunta do meme, «O que vocês acham das recentes iniciativas da Microsoft rumo ao mundo Open Source?», ultimamente tenho culpado Ray Ozzie, CSA da Microsoft, por todas as mudanças de postura da empresa, mas pode não ser tão simples.

Apesar da atitude ideológico-irracional de Steve Ballmer, a Microsoft não poderia passar a eternidade negando os fatos sem se prejudicar e uma hora precisaria admitir as vantagens do desenvolvimento verdadeiramente colaborativo, ou poderia ser extinta como os bons e velhos dinossauros.

É claro que é uma admissão tímida ainda e tentando manter um pezinho atrás para poder mudar de ideia novamente assim que a moda passar… mas não vai passar, porque não é moda, é fato: diversas pessoas espalhadas pelo mundo, trabalhando por desejo próprio desenvolvem melhor do que uma equipe – por maior e melhor que seja, relativamente menor e pior do que o «resto do mundo» – fechada trabalhando por dinheiro, não por acreditar no que faz.

São questões psicológico-antropológicas raramente abordadas, pois não interessam à grande mídia, muito menos às grandes empresas: empresas são motivadas por lucros, pessoas não.

Pessoas são motivadas por duas coisas: desejo e necessidade. O que as empresas fazem é manter um ambiente – chamado Capitalismo – onde a necessidade de lucro – motor das empresas – é maior do que o desejo e qualquer outra necessidade.

Deveria ser óbvio que, com esse conhecimento nas mãos, a pessoa passa a ter poder sobre o ambiente, por isso a mídia e as empresas inibem – por meio de ridicularização – qualquer discussão sobre o assunto, para manter as pessoas ignorantes.

Ah! Importante: quando digo «empresas», não quero dizer somente ação direta das empresas, mas indireta também, como incitar grupos de adoradores que vão agir da forma como eles esperam, como se não ganhassem nada por isso.

É papo pra mais de metro… pelo menos agora estou de volta pra podemos debater mais! =)

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-04-18

Que comandos você usa mais?

history | \
awk '{ a[$2]++ } END { for(i in a) { print a[i], i } }' | \
sort -rn | \
head


[]'s
Cacilhas, La Batalema